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Testemunho de Ricardo Costa - Parte II

Perto da igreja, longe de Deus (segunda parte)

por: Ricardo Costa

O hábito de consumir músicas do gênero heavy metal fez com que, em pouco tempo, formasse minha primeira banda secular de rock pesado. 

Os pais de minha namorada permitiam que eu a encontrasse somente aos sábados à noite. Então, pedi a eles permissão para levá-la aos cultos de quarta-feira na Igreja Adventista do Sétimo Dia. Em pouco tempo, ela tomou sua decisão pelo batismo. Este acontecimento me fez repensar sobre o repertório secular que tocava com minha banda. Logo, optei por ensaiar somente músicas do gênero rock gospel. Como ouvinte, mergulhei fundo no universo das bandas de white metal (heavy metal cristão), e procurava tocar tudo o que ouvia, sem nenhuma instrução formal sobre música, mas de modo totalmente intuitivo. 

Costumava usar uma guitarra emprestada até o ano de 2007, quando ganhei minha primeira guitarra elétrica, um presente de minha mãe. Era um instrumento bem simples, mas foi com essa ferramenta que consolidei meu desejo de ser guitarrista de heavy metal. Nessa época eu consumia músicas ainda mais pesadas e brutais, subgêneros do heavy metal

Semelhante ao que ocorre com o consumo de drogas, há uma evolução no processo de consumo de músicas rock ou metal. O organismo acostuma com os estímulos das drogas mais “leves” e, logo, exige drogas cada vez mais pesadas, com estímulos mais fortes. Ninguém fuma maconha por achar “saboroso”, mas pela sensação prazerosa de relaxamento profundo que a droga proporciona. Assim também acontece com o rock. Ninguém ouve músicas pesadas porque considera belo ou bem feito, mas porque estimulam sensações de prazer, euforia e agressividade. Quem ouve rock ouve porque se sente bem, porque gosta do efeito provocado por neurotransmissores como noradrenalina, serotonina e dopamina liberados no cérebro quando expostos ao ritmo e som desta música. 

É bem verdade que toda música produz a liberação de algum tipo de hormônio no ouvinte. Com certeza, há músicas saudáveis que promovem saúde psíquica e física. Há inúmeros estudos sobre isso. Recomendo a leitura dos livros “Cristãos em Busca do Êxtase” de autoria, do Pr. adventista Vanderlei Dorneles, e “O Debate Sobre a Música Cristã” de autoria do Pr. batista Tim Fisher. Também indico alguns materiais disponíveis gratuitamente em PDF, como os excelentes livros “Música, Reverência e Adoração” de Leandro Dalla, e “Sob a Regência de Deus”, de Daniel Azevedo. Leia esses livros, pois certamente serão úteis para uma adoração reformada e agradável a Deus. 

Eu consumi desde as baladas rock dos anos oitenta até o pesadíssimo Korn. Minha namorada e eu éramos bons amigos que ouviam heavy metal juntos. Após três anos de convivência, nos casamos em 2010, mas continuamos sendo parceiros em apreciar músicas pesadas. Porém, minha esposa orou muito, intercedendo por mim ao perceber minha terrível condição. Eu estava literalmente com "overdose" de rock e minha moral foi quase completamente destruída. 

No ano de 2014 participei de uma banda na igreja, com a intenção de trabalhar nos arranjos. Nem todos os irmãos sabiam que eu tinha uma banda secular de heavy metal, ou seja, que vivia uma vida dupla. 

Nessa mesma época, um amigo me convidou para cantar primeiro tenor em um quarteto, semelhante aos Arautos do Rei. Nas bandas seculares, procurava imitar cantores que atingiam notas agudas. Assim, concordei em cantar no quarteto para aprimorar minha técnica e melhorar a performance na banda de rock secular. Porém, posso dizer que cantar naquele quarteto foi algo que me ajudou a permanecer na igreja. 

O diretor do quarteto escolhia músicas antigas dos Arautos do Rei, pois considerava muitas das produções recentes como algo comercial e irreverente. Confesso que ao ouvir pela primeira vez a canção “Te erguerei”, apreciei muito, pois era um gênero musical de que gostava. O interessante é que nunca me concentrava na letra da canção, mas gostava mesmo era do balanço, do “swing”, da batida constante no arranjo. 

Honestamente, permanecer cantando naquele quarteto me fez bem, pois me forneceu uma base musical saudável. Deus certamente usou aquele amigo que me convidara para cantar.  

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