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Ted Wilson responde dúvidas sobre música

por: Pr. Ted Wilson, atual presidente da Conferência Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia.


Feliz Sábado, amigos! Foi uma alegria ao meu coração ver milhares de homenagens postadas há algumas semanas, em honra à lenda da música adventista do sétimo dia, Del Delker [N.T. – falecida em 31/01/2018]. Através do seu ministério de música, ela tocou os corações de milhões ao redor do mundo por mais de sete décadas e continuará a fazê-lo através de suas numerosas gravações. 

Hoje, em nosso Perguntas & Respostas, discutimos o tema da música e alguns princípios básicos. Muitas perguntas têm sido enviadas a mim sobre este tópico, duas das quais aparecem abaixo.

Perguntas:

  • “Há diretrizes sobre qual o tipo de músicas que podem ser tocadas nas igrejas adventistas? Muitos estão usando bandas de rock com contrabaixos e guitarras elétricas. É como se a igreja fosse mais parecida com um café ou um concerto pop/rock. Qual é o seu ponto de vista acerca da música adventista do sétimo dia?" – John, da Indonésia

  • “Como devo lidar com as letras repetitivas e o volume doloroso da música nas igrejas adventistas em toda a América hoje? Eu vou à igreja para dar a Deus meu culto, mas a música é prejudicial. – Karen, dos Estados Unidos

Resposta:

A música tem uma maneira de alcançar a própria alma do nosso ser, muitas vezes expressando o que nós mesmos não conseguimos colocar em palavras. Como alguém disse uma vez, “a música é como os sentimentos soam”.

Como cristãos, a adoração também é fundamental para a nossa experiência com Deus e, durante milênios, a música forneceu um poderoso meio para o povo de Deus adorá-lo. A música desempenha ainda um papel vital no céu, onde os seres celestiais elevam suas vozes em louvor ao Criador (ver Apocalipse. 4, 5 e 15).

Talvez uma das razões pelas quais as discussões sobre adoração e música podem se tornar muito exaltadas emocionalmente – e até mesmo voláteis – é porque são questões que nos tocam muito profundamente.

Alguns dizem que a escolha da música é simplesmente uma questão de gosto pessoal, ou de condicionamento cultural. Outros acreditam que há um elemento moral na música e que nem todos os estilos musicais são aceitáveis ​​para Deus.

No documento de diretrizes votado pela Igreja, intitulado “Filosofia Adventista do Sétimo Dia com Relação à Música”, lemos:

  • “A música não é moral nem espiritualmente neutra. Pode nos levar a alcançar a mais exaltada experiência humana, pode ser usada pelo príncipe do mal para degenerar e degradar, para suscitar a luxúria, paixão, desesperança, ira e ódio.

  • “A mensageira do Senhor, Ellen G. White, nos aconselha continuamente a elevar nosso conceito a respeito da música. Ela nos diz: ‘A música, quando não abusiva, é uma grande bênção; mas quando usada erroneamente, é uma terrível maldição.’ ‘Corretamente empregada, … [música] um dom precioso de Deus, destinado a erguer os pensamentos a coisas altas e nobres, a inspirar e elevar a alma.'” (Clique aqui e acesse o documento na íntegra)

Não é segredo que, ao longo das últimas três décadas, a música mudou dramaticamente em muitas igrejas, academias e universidades adventistas e em eventos patrocinados pela igreja adventista em todo o mundo. O que teria sido considerado um sacrilégio nas igrejas adventistas há poucas décadas, agora pode ser considerado comum, e até mesmo preferível, em muitos lugares.

O movimento “Louvor e Adoração” (L&A), apresentando música cristã contemporânea (MCC), com suas bandas de estilo rock e músicos se balançando, assumiu a tarefa de “levar os adoradores à presença de Deus”. Este tipo de música enfatiza os sentimentos e se concentra mais nos artistas (“Equipe de Louvor”) do que no canto congregacional.

Este movimento não afetou apenas a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Embora suas raízes tenham surgido no Pentecostalismo, L&A e MCC se infiltraram em praticamente todas as igrejas cristãs.

Aqueles que têm a coragem de levantar suas preocupações sobre esse tipo de música e essa forma de culto que estão entrando na igreja são frequentemente rotulados como “legalistas” ou pior, são acusados ​​de estar expulsando os jovens e são envergonhados a ponto de se calarem.

No entanto, é interessante que, em muitas igrejas não adventistas, esse tipo de “adoração” e música esteja em declínio. Em um artigo intitulado “3 Reasons Contemporary Worship IS Declining, and What We Can Do to Help the Church Move On,” (3 Razões Por Que a Adoração Contemporânea ESTÁ Declinando e O Que Podemos Fazer Para Ajudar a Igreja a Avançar), o autor e músico Jonathan Aigner escreve:

  • “A adoração contemporânea é um movimento instável e não teológico. Ser completamente contemporâneo exige uma lealdade servil ao novo, ao atual, ao que faz sucesso, ao que é legal e ao comercial. Requer uma rejeição completa do velho, ultrapassado, que não é atual, que não é legal e que não gera dinheiro … Esta constante necessidade de se reinventar é uma tarefa extremamente difícil para qualquer igreja, e poucas, além das maiores e mais ricas, podem fazer isso de maneira contínua com algum sucesso” (http://bit.ly/CCMdecline).

Como o remanescente de Deus, o movimento dos últimos dias, precisamos considerar cuidadosamente o que significa “Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é vinda a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (Apocalipse 14: 7).

No livro de Apocalipse, temos o privilégio de contemplar a própria sala do trono de Deus. Lá ouvimos os quatro seres viventes proclamando: “Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir” (Apocalipse 4: 8). Vemos os vinte e quatro anciãos lançando suas coroas diante do trono de Deus, dizendo: “Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas” (Apocalipse 4:11).

Como então nós, seres mortais, deveríamos nos aproximar do Rei dos Reis e Senhor dos Senhores? Que tipo de música Lhe trará honra e glória através da adoração?

O salmista nos diz no Salmo 96: 1 “cantai ao Senhor um cântico novo “, e lembra-nos que “grande é o Senhor, e digno de louvor, mais temível do que todos os deuses. Porque todos os deuses dos povos são ídolos, mas o Senhor fez os céus. Glória e majestade estão ante a sua face, força e formosura no seu santuário. … Adorai ao Senhor na beleza da santidade; tremei diante dele toda a terra … porque vem, porque vem a julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos com a sua verdade” (versículos 4-6, 9, 13).

É muito importante que permitamos que o Espírito Santo guie nosso pensamento ao invés de permitir que as tendências culturais e musicais contemporâneas influenciem nossos próprios estilos musicais e rumos. Isso se aplica, quer estejamos falando sobre preferências pessoais de música ou sobre música usada para adoração.

Deus nos convida a nos entregarmos completamente a Ele e Ele nos usará para influenciarmos outros para Ele. É muito importante que busquemos encontrar as respostas de Deus às perguntas sobre música na Bíblia, no Espírito da Profecia, através da oração e permitindo que o Espírito Santo impressione nossas mentes.

Em referência a Del Delker novamente, é interessante analisar por que sua música e a de muitos outros músicos centrados em Cristo tiveram influências tão poderosas e positivas sobre outros e quais princípios sustentaram essas apresentações musicais. Em minha opinião, esses princípios são eternos e podem ser aplicados hoje. Gostaria de destacar algumas observações pessoais que podem nos ajudar a entender o que Deus pretende que experimentemos com a música:

  • Como adventistas do sétimo dia precisamos viver a música espiritual que cantamos. É muito importante que nós, pessoalmente, modelemos a mensagem que cantamos ou apresentamos mostrando nosso amor por Cristo e que isso seja verdade em nossa música, para que o “eu” e o orgulho não sejam vistos, mas apenas Jesus.

  • As letras das músicas que usamos devem ter um forte conteúdo bíblico e religioso que fale ao coração. As letras devem ter um conteúdo religioso substancial, e não simplesmente repetir algumas palavras, vez após vez. As letras devem ser claras com uma mensagem completamente inspirada na bíblia.

  • As composições musicais que tocamos, cantamos ou ouvimos devem ser melodiosas e cuidadosamente arranjadas. A música não deve ter elementos de natureza não bíblica, inapropriadamente “mundana” ou estilo “rock”. Devem elevar-nos para o céu e apontar para Deus e não para nós. O Espírito de Profecia possui alguns conselhos maravilhosos sobre a música e sua influência [N.T. – ver o livro Música – Sua Influência na Vida do Cristão, disponível em https://musicaeadoracao.com.br/50066/musica-sua-influencia-na-vida-do-cristao/] incluindo o uso de bateria (sobre a qual falaremos em um próximo Perguntas & Respostas, uma vez que é uma pergunta que tem sido enviada).

  • Nossa música deve falar ao coração e à mente e deve ser equilibrada de acordo com instruções e conselhos da Bíblia e do Espírito de Profecia. Deve ser uma música que “edifique a fé”.

Que Deus dê a cada um de nós um entendimento melhor sobre como a música – dependendo dos princípios que embasam a música e a letra – pode destruir nossas vidas espirituais ou nos edificar em nosso relacionamento com Deus.


Tradução: Levi Tavares

MÚSICA E CONTEMPLAÇÃO
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