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O poder oculto do Jazz III

por: Daniel Azevedo, músico e educador musical.

O que faz com que o jazz exerça um fascínio tão grande sobre ouvintes e músicos? Por que existem tantos apreciadores do gênero? O que há por trás do efeito magnético do jazz?

Na infância, um dos meus passatempos favoritos era desenhar naqueles livros de ligar pontos. Pouco a pouco, os traços ganhavam forma e significado, desfazendo assim, toda a expectativa sobre as imagens ocultas. Minha experiência com o jazz, como ouvinte e instrumentista, fixou os primeiros pontos que futuramente revelariam uma imagem nítida da realidade invisível disfarçada no gênero popular. 

Roger Morneau, em seu livro Viagem ao Sobrenatural, narra um episódio interessante. Num encontro com um músico de jazz bem sucedido, o autor tem acesso a informações não divulgadas sobre esse estilo musical e o caminho para o êxito. Durante um jantar, o músico revela a Roger e a seu amigo que, após experimentar o fracasso como músico de jazz por muitos anos, conheceu o culto aos demônios, poder através do qual alcançara o sucesso de forma instantânea, por meio de rituais, submissão e adoração. Desde então, o músico e sua banda de jazz permaneciam sendo aclamados pela imprensa e atendendo a uma grande demanda de concertos e entrevistas. 


No decorrer da conversa, Roger Morneau e seu amigo ouvem a seguinte declaração daquele músico de jazz: 

“Na realidade, os espíritos tomam conta de nós; em outras palavras, eles se apossam de nós e nos dão energia, e nós repassamos essa influência para o público. Eles gostam do que recebem e sempre voltam para buscar mais da mesma coisa”. 

Ao ler esse livro, exatamente neste ponto, não pude deixar de associar a declaração acima com outro fato que me perturbava. 

As músicas que formam o repertório comum entre os músicos de jazz são chamadas de standards e estão reunidas em grossos livros, do mesmo modo que hinos cristãos são organizados em hinários. O livro de standards mais antigo e comum chama-se The Real Book (O Livro Real) e começou a ser utilizado na década de 1970 por músicos jazzistas nos Estados Unidos. O livro foi produzido e distribuído de forma ilegal em suas primeiras cinco edições, não havendo autor ou informações sobre publicação e sem qualquer relação com a lei de direitos autorais sobre as composições. Somente em 2004, a partir de sua sexta edição, o livro passou a ser publicado de forma legal.

Eu possuía uma cópia daquele livro, bem como vários outros materiais semelhantes para o estudo de standards de jazz. A música que abre o livro chama-se “A call for all demons” (Um chamado para todos os demônios). Conhecendo o testemunho de Roger Morneau, aquilo não podia ser apenas uma coincidência. 

Ao final da partitura da música encontramos a seguinte informação: Sun-Ra - "Angels and demons at play". O compositor se autodenomina “Sun Ra” (Sun = sol; Ra = deus da mitologia egípcia) e seu álbum tem como título “Anjos e demônios envolvidos”. Sun Ra era músico de jazz, poeta e filósofo conhecido por suas filosofias “cósmicas”, pregando “a consciência e a paz sobre todos”. 

Outras composições contidas no Real Book também apresentam nomes sugestivos como “Prince of Darkness” (Príncipe das Trevas) de Wayne Shorter, “Reincarnation of a Love Bird” (Reencarnação de um Pássaro do Amor) de Charles Mingus, “The Magician in You” (O Mago em Você) de Keith Jarret e “Wings of Karma” (Asas de Karma) de John McLaughlin. 

Seriam essas informações apenas fatos desconectados, sem relação direta com um poder sobrenatural agindo nos "bastidores" do mundo do jazz? Quando ligamos esses relatos às origens históricas e místicas do jazz, as peças do quebra-cabeças começam a se encaixar.  

“Quem da imundícia poderá tirar coisa pura? Ninguém!” Jó 14:4

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