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A música e o sobrenatural III

A música cubana é popularmente conhecida como salsa. É composta de ritmos extremamente envolventes e dançantes, que se distinguem pela repetição de ideias rítmicas, com a presença constante e excessiva de síncopes (deslocamento da acentuação natural da música). É praticamente impossível não se mover ouvindo música cubana. 

Por aproximadamente dois anos, participei de um projeto musical em Porto Alegre, tocando somente ritmos cubanos. Tratava-se de um grande grupo, com diferentes instrumentos de percussão, como timbales, congas, bongôs e outros, além de metais, contrabaixo, teclado e, é claro, um cantante à frente do grupo. 

As apresentações com essa banda de salsa aconteciam em casas noturnas, festas particulares, shopping centers e espaços culturais. Sempre que possível, havia a participação de dançarinos profissionais e alunos de suas academias de dança de salão. As pessoas dançavam realizando movimentos sensuais e todos bebiam e se excitavam com aqueles ritmos hipnóticos. Não poucas vezes, presenciei cenas de assédio e traição. E lá estava eu, tocando contrabaixo, promovendo as frequências graves que, somadas aos motivos rítmicos dos diferentes instrumentos de percussão, criavam o ambiente sonoro ideal para a dança e a libertinagem. Os resultados sobre o público não eram diferentes daqueles produzidos nos shows de rock, ou seja, tínhamos ali pessoas excitadas, eufóricas, fisicamente estimuladas, que agiam, não de modo racional, mas sim, movidas por paixões baixas. 

Houve uma ocasião em que tocamos na inauguração de um pequeno bar, cujos donos eram cubanos. Naquela noite, houve um episódio curioso. Enquanto o público dançava, eu e os demais músicos nos divertíamos com o ritmo contagiante e também com o cantante cubano que estreava no grupo, com seus improvisos de melodia e letra (pregón). Então, o pianista sugeriu um coro diferente sobre aquela mesma música. Agora, todos nós não apenas tocávamos nossos respectivos instrumentos, como também cantávamos o novo coro, repetindo as mesmas palavras, muitas e muitas vezes, ao som ininterrupto dos tambores. Tudo soava natural, quando comparado ao repertório do grupo, pois as demais músicas também continham coros repetitivos, sobre os mesmos ritmos envolventes. Mas havia algo mais naquele momento, alguma sensação diferente, muito atraente e estimulante. Era uma sensação de prazer crescente. 

Mais tarde, durante o intervalo, procurei o pianista e também líder do grupo, para lhe perguntar sobre o significado dos versos em espanhol que havíamos cantado com tanto entusiasmo. Tratava-se de uma reza, um cântico de adoração a uma “entidade”, um “orixá”. Na verdade, enquanto tocávamos e cantávamos aquela reza, de modo repetitivo e contagiante, estávamos invocando a presença de um espírito (um demônio ou anjo caído) naquele local. 

Por muito tempo, permaneci às cegas com relação à verdade sobre a imortalidade da alma. Não foi difícil conectar o acontecimento com lembranças da infância, das vezes em que fui levado pelos familiares a sessões espíritas e reuniões em casas de umbanda. Nesses lugares, testemunhei eventos sobrenaturais, como possessões, curas e outros rituais. Lembro-me bem dos cânticos de adoração, cantados de modo repetitivo, conduzidos pelos tambores com um ritmo contínuo.  

Podemos conhecer o que a Bíblia nos revela sobre o espiritismo ou a feitiçaria em seus múltiplos disfarces em textos como Deuteronômio 18:10-12, Isaías 8:19-20, Levítico 19:31, Eclesiastes 9:5-6, Levítico 20:6 e outros. Podemos entender de forma clara e objetiva o quanto Deus abomina e condena tais práticas.

Ao observar a história da música ocidental, percebo a trajetória e o desenvolvimento de determinados ritmos, bem como seu uso em rituais pagãos e sua presença na música popular contemporânea. Além disso, a ciência hoje é capaz de comprovar quais são os resultados de ritmos e melodias monótonos sobre a mente humana.

A relação torna-se óbvia. Urgente é a necessidade de vigiarmos, guardarmos as avenidas da alma, os sentidos, através dos quais exercitamos a contemplação.  

"Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia, a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus." Gálatas 5:19-21 

MÚSICA E CONTEMPLAÇÃO
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